A revolução dos músculos, chamada de capa, para matéria sobre exercícios da Revista Veja de 14 de agosto de 2013, como já era esperado, causou as mais diversas reações na comunidade dos Profissionais de Educação Física a maioria delas nada boas.
O foco da matéria está em seu título: “Mais forte, mais rápido, mais saudável e em menos tempo”, melhor do que isso só se tratasse da descoberta da pílula do exercício. É o sonho de consumo de grande parte das pessoas, fazer exercícios com bons resultados estéticos e para a saúde e em pouquíssimo tempo.
De fato estudos recentes mostram que é possível conseguir bons resultados se exercitando em pouco tempo, conforme o que a matéria da Veja mostrou. Na verdade há muitos anos estudos tem mostrado que para manter a saúde e a boa forma não é necessário passar duas, três horas por dia na academia, como a maioria das pessoas acreditava. Se a revista está correta, apesar da superficialidade com o que trata o assunto, onde está o problema que causou tantas reações negativas?
Revista Veja e a revolução dos músculos. Onde está o problema?
Os exercícios apresentados pela revista não estão errados, pois não existem exercícios errados. Existem pessoas que não podem fazer determinados exercícios. Aí está o problema.
Todas as propostas trazidas pela revista apostam nos exercícios de alta intensidade, o que é no mínimo temeroso. Nem todas as pessoas podem realizar esse tipo de exercício, é preciso um mínimo de preparo, orientação e acompanhamento. As consequências podem ir dos riscos cardiovasculares pela intensidade do exercícios, em pessoas sedentárias, à sérias lesões causadas pela má execução de movimentos, mesmo por aqueles que estão habituados a se exercitar regularmente.
Exercícios de alta intensidade como os propostos na matéria não são indicados para indivíduos que estão com sobrepeso/obesidade, destreinados, lesionados, idosos ou para pessoas com comorbidades. Além de indivíduos com hipertensão ou doença cardíaca.
De tudo o que foi publicado a maior crítica cai sobre o circuito de exercícios para ser realizado em 7 minutos (nós publicamos aqui há 3 meses). A forma como foi apresentado, está equivocada e dá a entender que pode ser praticado por qualquer pessoa. Trata-se de um circuito proposto por dois pesquisadores e publicado no ACSM’S Health & Fitness Journal, ou seja tem um respaldo científico, cujo objetivo foi de entender os benefícios de saúde e aplicação prática de um protocolo de exercícios de treinamento de circuito de alta intensidade. Mas é um protocolo com inúmeras restrições e definitivamente não serve para qualquer um (clique aqui para ler o original).
Um outro exemplo apontado pela revista Veja como o ícone dessa nova fase na prática de exercícios foi o kettlebell, um peso em forma de sino, usado para fazer exercícios com movimentos pendulares. Entrevistamos os Profissionais de Educação Física, Silas Rodrigues e Thiago Passos, que trouxeram o kettlebell para o Brasil em 2008 e fundaram a ADF, empresa especializada em treinamento funcional e capacitação profissional para o uso do kettlebell, para que expliquem melhor os pontos positivos e os cuidados que devem ser tomados ao usar esse acessório.
Fique Informa – A revista Veja sugere treinos intensos usando o kettlebell, mas não fala em orientação. Quais as consequências em usar o equipamento sem orientação adequada?
ADF – Cada pessoa tem a sua limitação de movimento. Algumas apresentam mobilidade inadequada que podem dificultar alguns movimentos com kettlebell. Outras pessoas não apresentam a capacidade de estabilizar as articulações de forma correta, e sendo assim alguns exercícios podem ser lesivos.
O importante é identificar os tipos de limitação que as pessoas apresentam em seus padrões fundamentais de movimento, e a partir daí praticar o kettlebell de forma segura.
Por esses motivos citados, é fundamental a presença de um professor de educação física que seja especialista em kettlebell e que conheça os padrões fundamentais de movimento.
Fique Informa – Qualquer professor pode prescrever exercícios com kettlebell ou é necessário um conhecimento específico, um curso?
ADF – O professor de educação física precisa se tornar um especialista em movimento e em kettlebell! Aqui no Brasil, o título mais conhecido e há mais tempo no mercado é o ADF-PRO, oferecido pelo Arte da Força, empresa que difunde o kettlebell no Brasil desde 2008.
O kettlebell é uma ferramenta incrível para o condicionamento físico, mas é importante entender que no treinamento devemos seguir a metodologia de IDENTIFICAR > CORRIGIR > FORTALECER, e a partir dessa linha de raciocínio, a ferramenta kettlebell pode ter um papel nessas três partes de um bom programa de treinamento.
Usamos essa metodologia há anos e os resultados tem se mostrado muito eficazes tanto na performance quanto na segurança do praticante.
Fique Informa – Qualquer pessoa pode se exercitar com kettlebell, como sugere a revista Veja? Existe alguma restrição?
ADF – Todo praticante precisa ser avaliado antes de qualquer programa de treinamento. E com o treinamento com kettlebells, isso não é diferente.
Sugerimos que seja feita uma avaliação de movimento para que possamos identificar os padrões fundamentais analisando a mobilidade e estabilidade para que o treinamento com kettlebell seja feito de forma segura, benéfica e saudável.
Fique Informa – Quais as lesões mais comuns que podem ocorrer ao usar o kettlebell de forma indevida e sem o preparo adequado?
ADF – O uso indevido do kettlebell pode ter inúmeros riscos para o praticante. Devemos entender que são movimentos com uma bola de ferro com alça e com o centro de gravidade fora das mãos.
E com técnica inadequada, há chances de sobrecarregar as articulações de forma prejudicial aumentando o risco de lesões.
Um posicionamento errado da coluna ou do ombro, a má utilização do quadril, deixar bater o ketttlebell no antebraço, velocidade de execução e sobrecargas inadequadas, são inadmissíveis quando a técnica correta é utilizada!
Fique Informa – Onde posso encontrar um profissional para orientar os exercícios com kettlebell?
ADF – Os treinadores ADF-PRO foram exigidos com provas práticas e teórica. Eles passaram por pelo menos dois anos de vivência e treinamento com kettlebell antes de conquistarem o título de especialistas ADF-PRO.
O nosso site é www.artedaforca.com.br e o site dos nossos treinadores é www.adfpro.com.br. Publicamos também diversos textos nas páginas do facebook: ADF e ADF PRO.
Dicas para quem quer aproveitar as sugestões da Revista Veja
- Não use a revista Veja como um guia para se exercitar. Embora ela traga informações para fazer os exercícios, elas não são completas e nem são adequadas para qualquer pessoa.
- Converse com um Profissional de Educação Física que você confie sobre sua vontade de fazer exercícios mais intensos gastando menos tempo. Fique atento às sugestões sobre os mais adequados para você.
- Além dos exercícios apresentados pela Revista Veja existem outras formas de se exercitar com eficiência, segurança e em pouco tempo. Informe-se.
- Ao escolher um profissional para orientar quanto aos exercícios, certifique-se que ele possui as qualificações necessárias. Apenas ser graduado em Educação Física, nem sempre é o suficiente para prescrever exercícios de modalidades específicas. Até uma inofensiva aula de pilates mal conduzida pode fazer estragos enormes!
Estava indo bem até o parágrafo que fala do ACSM. Depois virou chinelagem.
Oi Daniel,
Críticas construtivas são sempre bem vindas. Só lamento quando perdem a classe e não acrescentam nada, né?!
Abraços
Profa. Esp. Denise Carceroni
Li a matéria da Veja e achei realmente muito superficial, aliás a revista ultimamente tem focado muito mais em propaganda do que em conteúdo (mas isso é uma opinião minha). Só fico pensando se treinos tão intensos, mesmo que bem acompanhados, não podem deixar a pessoa tão dolorida que a impossibilite de se exercitar nos próximos dis. Eu ainda acho que arrumar uma atividade física que te divirta e não te torture é a única maneira de ter resultados duradouros, porque se você não gosta do que faz uma hora ou outra desiste de fazer ou arruma desculpas para diminuir a frequência.
Oi Carla,
Com certeza para usufruir melhor da sua atividade é preciso ter prazer. O atividade física deve proporcionar saúde que vai além de um corpo em forma.
Os treinos intensos não são para serem feitos todos os dias, também por isso a orientação é importante.
Abraços
Profa. Esp. Denise Carceroni
Essa revista já perdeu o crédito há mto tempo, essa é so mais uma reportagem sensacionalista, profissionais sérios de Educação Física deveriam passar longe desse tipo de revista, isso pra mim é uma piada, entrar em forma em 7 minutos é uma ofensa há minha inteligência e aos anos de estudos e treinamentos feito com coerência e vivência dentro de uma sala de musculação, treinamento embasados por anos e anos de estudos, tentativas e erros, feito por profissionais capacitados e competentes, e não por dois pesquisadores sem nome q querem ficar famosos há custas de ignorantes q vão reproduzir sem questionamento.Os exercícios propostos são brincadeiras de parque de diversão, q no máximo trabalharão o coração dando um condicionamento cardio vascular, e o ganho de massa, densidade óssea, flexibilidade, q são as valências mais importantes q se deve focalizar? não me venham falar em emagrecimento, pq oq emagrece é a boca e não exercício, falaram em acelerar o metabolismo, isso ai não chega nem aos pés do “after burning” causado por uma sessão pesada de 30-40m de musuculação bem feita, façam-me o favor, chega de fórmulas mágicas e passageiras, isso ai só atrapalha o bom profissional q quer fazer um serviço realmente relevante para as pessoas.
Saia da zona do conforto Mário Márcio. Musculação é apenas para fisioculturistas! O mundo EVOLUI: pensamentos, técnicas, ferramentas!!! Essas fórmulas que você chama de passageiras, SEMPRE foram usadas! Muito antes das máquinas feitas para a musculação. Daqui a 2 anos se você não evoluir, vai ficar sem cliente de personal! Acorda!
Sem falar que essa matéria, apesar de importante, serviu apenas a propósitos políticos da revista, na tentativa de abafar o principal assunto da semana: o escândalo do cartel com o apoio do governo de São Paulo.
Grande abraço.
Caros,
concordo com muito do que escreveram, e discordo de muito também.
Fui o profissional entrevistado pela Veja para falar sobre HIIT (treinamento intervalado de alta intensidade) e expliquei que há protocolos validados para alta intensidade em atividades cíclicas aeróbias para diferentes populações.
Dei aulas de fisiologia humana, do exercício, de treinamento físico, bioquímica e afins por uma semana.
Ainda fui gentil em informar o número de celular do entrevistado na reportagem acima, que parece, segundo a repórter Thaís Botelho da Veja, não ter respondido a emails e ligações. E aparece aqui sugerindo que eu tenho apenas graduação e que disse para não treinar sob orientação?
Haja paciência… veja meu currículo no site do CNPQ (www.cnpq.br, consultem pelo meu nome na Plataforma Lattes, Claudio Novelli, selecionando o check box de “demais ou outros pesquisadores”, algo assim. Além de mestrado e professor universitário, sou pesquisador ativo na área de atividades físicas.
Uma coisa fique clara: a prática centenária do kettlebell tem todo um perfil metabólico aeróbio misto, levantei e confirmei esses dados aqui no Brasil já há algum tempo. Não é o mais adequado para hipertrofia ou ganhos expressivos de força ou potência, sem dúvida. EPOC no kettlebell já foi mensurado, e existe para qualquer atividade física, seja de força, concorrente ou aeróbia. Não tenho os dados de cor, então me limito a não mencionar os números por ora, mas posso enviar os artigos em pdf que tenho. Solicitem por mim pelo [email protected], meu email pessoal.
A ADF sim, é a empresa que está há mais tempo no mercado nacional, mas não é a única, e também não apresenta todas as possibilidades de trabalho com o kettlebell.
Sou representante, junto aos meus sócios da Opera Corpis (www.operacorpis.com.br), da IKFF (www.ikff.net) no Brasil, Federação Internacional de Kettlebell e Fitness, que existe há vários anos, está presente em mais de 50 países e já formou milhares de treinadores capacitados em kettlebell.
Sejamos sinceros… Veja e Boa Forma estão longe de ser revistas científicas. São para o público em geral. Como já disse antes, não há fisiologistas ou similares na cadeia da formatação da mídia impressa, o que incorre em erros e enganos. Sim, a matéria da Veja tem vários, é uma colcha de retalhos da fisiologia do exercício e das teorias do treinamento. Perdoados por Deus, parcialmente desculpados por mim.
HIIT é altamente lesivo para pessoas despreparadas. Há gráficos e mais gráficos mostrando isso em relação ao VO2.
No número seguinte da Veja, há uma carta minha manifestando minha inquietude pelo o que foi postado na página da revista no facebook pelo seu gestor de conteúdo, e não por mim: “economize no personal trainer, leia a Veja”.
Até denúncia da atitude da Veja ao CONFEF eu fiz, e publiquei no facebook.
Uma pena ver colegas de profissão utilizarem de artifícios escusos para sua autopromoção, como pichar meu trabalho sem ter a coragem de fazê-lo citando meu nome.
No mais, digo. kettlebell não é de ninguém. É um método originariamente russo, uma forma muito interessante e embutida de séculos de conhecimento e tradição em desenvolvimento e treinamento físico, especialmente cardiovascular no tocante fisiológico, e neuromotor no sentido da aprendizagem e controle corporal.