Na primeira parte da série de posts sobre Pilates e Reabilitação expliquei um pouco sobre o que é o método Pilates e um pouco seus princípios, entrarei agora na questão da reabilitação.
O método pilates se diferencia de outras atividades físicas e funciona como instrumento de reabilitação por dar ênfase a todos os princípios que a técnica apresenta. Além disso, soma-se a sua relevância no reequilíbrio muscular por se tratar de exercícios que buscam o tensionamento e/ou estiramento dos grupos musculares, em detrimento de força e potência, promover o alongamento ou relaxamento de músculos encurtados ou tensionados e o fortalecimento ou aumento do tônus muscular daqueles que estão estirados ou enfraquecidos. Ou seja, diminuem-se os desequilíbrios musculares que ocorrem entre músculos agonistas e antagonistas que são responsáveis por certos desvios posturais e problemas ortopédicos e reumatológicos, por exemplo.
Porém, nos últimos anos, estudos tem mostrado benefícios do Pilates em diversas patologias de sistemas nervoso, cardiovascular e outras doenças ou alterações de órgãos ou sistemas.
O Pilates melhora o condicionamento físico geral, a amplitude muscular, estimula a circulação, flexibilidade e alinhamento postural.
Pilates e Reabilitação
Falar sobre os benefícios no alinhamento postural é como repetir a palavra Pilates. Casos de escoliose, hiperlordoses ou hipercifoses aparecem nos estúdios de Pilates com grande freqüência, acompanhados de dor e até limitação de movimentos. Com o trabalho de fortalecimento e alongamento da musculatura que sustenta a coluna e que a faz movimentar de forma sadia, o aluno relata diminuição da dor após algumas aulas, melhorando seu desempenho nas atividades de vida diária e durante a execução dos exercícios.
Este alinhamento da coluna ajuda a descomprimir as tensões causadas pelo desequilíbrio muscular e tração patológica das vértebras, aliviando os pinçamentos e compressões dos discos vertebrais, reabilitando casos de hérnias de disco, escorregamento das vértebras e alterações causadas pelos famosos bicos de papagaio.
A diferença entre o programa de reabilitação postural com RPG (Reeducação Postural Global) e o Pilates, é que o RPG tem como objetivo ensinar e educar músculos muitas vezes esquecidos, de forma mais estática do que dinâmica. O Pilates, por sua vez, amadurece estes ensinamentos de uma forma mais dinâmica do que estática. O Pilates também educa certos músculos; necessita, porém, de um maior cuidado durante sua aplicação, uma vez que seu aprendizado é mais dinâmico
Quando aplicado na população idosa, o Pilates melhora a força e a mobilidade, que geralmente estão alteradas devido a presença de doenças degenerativas, como a artrite ou artrose, aumentando a força dos grupos musculares que auxiliam as articulações doentes durante os movimentos mais simples como subir uma escada ou caminhar na rua. O Pilates também auxilia na manutenção da pressão arterial por auxiliar o condicionamento cardiovascular, além de influenciar na calcificação óssea (estudos mostram que através da aplicação do método, aliada ao uso de medicação apropriada, o diagnóstico de uma paciente com osteoporose foi alterado após um ano de tratamento). Já em idosos hospitalizados, a técnica pode ser utilizada para evitar a perda rápida de massa muscular a que esta população está exposta e para diminuir as dores causadas pela imobilidade e doenças degenerativas que os idosos apresentam (grandes hospitais da cidade de São Paulo já possuem estúdios de Pilates dentro do centro de reabilitação com fisioterapeutas treinados para atender pacientes hospitalizados com um programa de reabilitação específico para esta população)
Sabemos que a atividade física, predominantemente aeróbia, tem um grande impacto na vida de pacientes com problemas respiratórios, melhorando a função cardiovascular, o sistema ventilatório e auxiliando no aumento da resistência e força muscular respiratória. Hoje em dia, sabe-se que o Pilates é um importante aliado na melhora diária desses pacientes. Isto por que a respiração, um dos princípio básico do Pilates, enfatiza um bom padrão ao inspirar e expirar, utilizando a ativação de músculos profundos e estabilizadores do centro de nosso corpo. Esse padrão de respiração encoraja a utilização dos lóbulos inferiores dos pulmões durante uma expansão da caixa torácica, em especial onde a eficiência das trocas gasosas será maior. Encorajar o padrão respiratório do Pilates em todos os decúbitos (posições) e durante toda a execução de movimentos, pode minimizar os sintomas de falta de ar ou até recuperar totalmente a respiração normal de pacientes com enfisema pulmonar, por exemplo.
Na terceira e última parte deste assunto Pilates e Reabilitação, irei falar sobre reabilitação de atletas, doenças neurológicas e doenças ocupacionais. Até o próximo post!!!
Por: Ft. Renata Poliche
Graduada em Fisioterapia pelo Centro Universitário São Camilo.
Especializada em Acupuntura e Medicina Tradicional Chinesa, Fisioterapia Cardiorespiratória e Terapia Intensiva.
Aprimoramento em Pilates Solo e Studio pela Stott Pilates.
Questões sobre esse post devem ser enviadas para: renatapoliche@gmail.com