A escoliose é uma deformidade da coluna caracterizada por curvatura lateral no formato de “C” ou de “S”. Embora a coluna vertebral tenha curvaturas naturais (fisiológicas) nenhuma delas ocorre no plano frontal e portanto qualquer inclinação da coluna, nesse plano, poderia ser considerada escoliose, apesar disso só é considerada de fato quando a medida da curvatura ultrapassa os 10° de ângulo de Cobb.

Geralmente, além da curvatura, ela apresenta uma deformação tridimensional, com as vértebras giradas e isso pode comprometer, por exemplo, os pulmões uma vez que afeta a caixa torácica. E dessa forma ter um impacto negativo na qualidade de vida das pessoas.

escoliose

Causas da Escoliose

Clique aqui e inscreva-se no nosso canal do Youtube!

Leia também: Conheça sua coluna: escoliose, prevenção e exercício

A escoliose é um desvio postural multifatorial, tem como principais causas:

  • Assimetria de membros inferiores;
  • Assimetria de quadril;
  • Malformação congênita das vértebras;
  • Paralisia da musculatura do tronco (Poliomielite);
  • Fator ósseo;
  • Fator muscular;
  • Fator postural;
  • Hereditariedade;
  • Uso de mochila (um ombro só);
  • Escoliose idiopática do adolescente (mais comum, sem causa conhecida).

Tratamento e cirurgia

Os exercícios, principalmente de mobilidade articular, devem ser usados no tratamento da escoliose, tanto em adolescentes quanto em adultos, obtendo resultados positivos na diminuição do grau quando a coluna ainda está em fase de crescimento e diminuição das dores causadas pelo desvio em qualquer caso. O principal objetivo do uso de exercícios é impedir/desacelerar a progressão da curva.

Quando a curvatura ultrapassa os 45° graus de ângulo de Cobb, a intervenção cirúrgica é indicada, já que o uso de coletes e exercícios não melhoram sua progressão. Quem vai determinar a necessidade ou não da cirurgia é o médico, geralmente um ortopedista especializado em coluna vertebral.

O Dr. Carlos Eduardo Barsotti, cirurgião ortopedista, um dos poucos profissionais do país a realizar intervenções de alta complexidade, principalmente na correção de escoliose, explica sobre os riscos, benefícios e tecnologias usadas na cirurgia da escoliose.

Operar a coluna costuma ser motivo de preocupação para muitas pessoas, principalmente, devido a medos relacionados a riscos que prejudiquem a mobilidade e tragam outras consequências ao corpo. Apesar de compreensível, é importante ressaltar que, hoje, existem recursos tecnológicos robustos que elevam a assertividade deste procedimento garantindo uma maior qualidade de vida ao paciente – os quais precisam ser melhor conhecidos para desmistificar estes receios aos que precisarem passar por esta cirurgia.

É claro que, assim como qualquer procedimento, esta cirurgia apresenta seus riscos, principalmente em termos neurológicos, de infecção e hemorragias. Por isso, além dos cuidados usuais que precisam ser seguidos no pós-operatório – incluindo treinos de mobilidade, andar e demais movimentos em prol do alinhamento da coluna – a incorporação dos avanços tecnológicos pelos profissionais do ramo também é algo que vem contribuindo cada vez mais para uma maior precisão e eficácia na cirurgia, assim como uma melhor recuperação ao paciente.

No Brasil, especificamente, algumas das grandes tendências tecnológicas que temos visto neste sentido é a introdução da navegação e robótica associadas a métodos de visualização 3D, como forma de possibilitar um melhor posicionamento dos implantes e, consequentemente, uma maior segurança na cirúrgica. Veja detalhes de cada um deles:

Navegação: o uso desta técnica é algo extremamente importante para que o especialista tenha informações visuais mais precisas ao longo da cirurgia. Considerando que, no caso da escoliose, este procedimento é algo extremamente delicado e pode durar de duas a seis horas até sua finalização, a navegação auxiliará a proteger áreas anatômicas importantes da coluna como a medula, nervos e tecidos, elevando a precisão em tudo que for feito.

Robótica: apesar se não ser algo relativamente novo, cada vez mais as instituições de saúde estão investindo na robótica em procedimentos diversificados em prol desta maior assertividade. Nas cirurgias de escoliose, esta tecnologia permite que os cirurgiões obtenham imagens mais precisas sobre o paciente e consigam planejar o posicionamento da instrumentação visando uma maior precisão – algo essencial por ser uma cirurgia que envolve os nervos e a medula espinhal. Com ela, o procedimento se torna menos invasivo e mais veloz, preservando os músculos, tendões e ligamentos.

Visualização 3D: também já bastante incorporada, a visualização tridimensional (3D) e em tempo real oferece, além de uma imagem única da área operada, a demonstração exata do ângulo, profundidade e direção que o cirurgião está inserindo os parafusos, ganchos e hastes normalmente utilizados na correção da coluna. Na prática, ela melhora consideravelmente o desempenho destes especialistas, junto à uma melhor recuperação e maior qualidade de vida ao paciente.

Todas essas tecnologias já se mostraram fortemente benéficas para a melhora da função pulmonar, cardíaca, e do alinhamento da coluna, evitando compensações patológicas e, claro, aperfeiçoando a estética que, inevitavelmente, não fica de fora dentre as preocupações dos pacientes.

Atualmente, vemos uma intensificação dos treinamentos na introdução dessas técnicas, assim como um maior número de hospitais introduzindo tais métodos considerando essas vantagens proporcionadas – o que eleva as expectativas de aprofundamento nessas tecnologias e seus impactos positivos naqueles que apresentam tal curvatura.

No final, a maior divulgação e consciência sobre a existência da doença é essencial para que tenhamos um maior número de casos diagnosticados e, por consequência, a introdução do tratamento precoce, de forma que as cirurgias sejam direcionadas apenas aos pacientes que realmente precisam delas e que possam contar com o apoio de tecnologias robustas que assegurem sua saúde.

Dr. Carlos Eduardo Barsotti é cirurgião ortopedista formado pela Faculdade de Medicina da USP, Mestre em Ciências da Saúde e Pós-graduado pela Harvard Medical School. Com mais de 19 anos de experiência na área, é um dos poucos profissionais do país a realizar intervenções de alta complexidade, principalmente na correção de escoliose.