Nunca fui a favor de dietas restritivas, tem vários textos aqui nos quais me refiro à isso, sempre acreditei que era possível emagrecer sem dieta. Quem foi meu aluno também sabe o quanto me esforçava para explicar que para emagrecer não é preciso fazer loucuras. Poucos me ouviram, pois o resultado de emagrecimento com dietas malucas é real.
Estudei bastante sobre obesidade na época em que fiz a minha especialização. De lá pra cá (2007), muitas descobertas foram feitas, mas há alguns conceitos que permanecem inalterados. Talvez o principal deles seja como nosso corpo entende a alimentação, somos bem primitivos. Se ficamos longos períodos sem nos alimentar ou com déficit de algum nutriente o corpo entende que estamos passando por dificuldades e vai armazenar tudo o que conseguir. Ele não sabe que a qualquer momento podemos ir ali no supermercado comprar a comida ou dar uma passadinha no restaurante, ele não entende que esse déficit é por conta da nossa vontade, mas por alguma dificuldade que estamos passando para encontrar nosso alimento.
Dietas restritivas funcionam, isso é fato. Deixe de comer algum grupo de alimento e irá emagrecer, mas isso acontecerá por um período. Logo seu corpo irá se adaptar, compensando a falta daquele alimento de outra forma ou ainda você não irá aguentar manter aquela restrição por um longo período de tempo e quando voltar a se alimentar, o corpo irá armazenar o máximo possível, por precaução (lembre-se do que comentei no parágrafo acima).
Outro ponto importante e que é unanimidade entre os estudiosos da obesidade é a sua causa principal: mudança dos hábitos de vida. Nos últimos 40 – 50 anos muito foi modificado nos nossos hábitos, os avanços tecnológicos nos fizeram ficar mais sedentários, por outro lado a correria do dia a dia nos fez buscar por alimentos mais rápidos de serem consumidos, preferencialmente aqueles que já estão prontos, também passamos a ter menos tempo para nos alimentar. O restante são meros detalhes que apenas otimizam, digamos assim, o ganho de peso.
É fato que a obesidade tornou-se uma epidemia mundial, mas existe uma outra questão que também tem um peso enorme quando abordamos o tema que é o desespero das pessoas pela magreza. Não ser gordo, nos dias de hoje geralmente significa ser magro ao extremo, uma magreza que nem sempre pode ser alcançada, por questões individuais, relacionadas à herança genética de cada um de nós.
Considerando essas três características para nos mantermos em forma, é necessário que nos comportemos como há 40 – 50 anos atrás ou até mais, comendo menos alimentos industrializados, reservando nossos horários para fazer as refeições, sendo mais ativos e aceitando nosso corpo como ele é. Dessa forma conseguiremos emagrecer sem dieta, eu sempre pensei assim.
Como emagrecer sem dieta?
Lendo a entrevista dada pela Nutricionista Sophie Deram à Gazeta Online, tive a certeza que minha forma de pensar sobre a alimentação não está errada. É possível emagrecer sem dieta! Sophie é doutora em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP e seus objetos de estudo são a obesidade infantil, transtornos alimentares , nutrociência do comportamento e nutrigenômica (ciência que mostra como os alimentos “conversam” com nossos genes). Ela faz duras críticas ao que chama de “terrorismo nutricional”, defende o “comer consciente”, que permite ter saúde e peso estável comendo de tudo, inclusive fast-food e doces!
Sophie é contra dietas (\O/), ela explica que a curto prazo as dietas funcionam, mas que de 90% a 95% das pessoas que fazem dietas restritivas voltam a engordar – alguma semelhança com o que aconteceu com você não é mera coincidência – e que cerca de 30% das pessoas engordam mais do que emagreceram. Ela também explica que o apetite das pessoas que se submetem à dietas restritivas aumenta por até um ano quando ela volta a comer normalmente e que a chance de desenvolver compulsão é 18 vezes maior.
Na entrevista, em que nutricionista explica como emagrecer sem dieta, levanta uma questão que é importantíssima, olhar o aumento do peso como consequência e tentar encontrar a causa para tratar. Existem diversos fatores, que somados às mudanças de hábito que comentei no início do texto, podem causar a obesidade. Podemos citar como exemplo o uso de algum medicamento, problemas emocionais, uma fase da vida (ela cita a menopausa) etc.
Não existem alimentos bons ou ruins, existem sim pessoas que não podem consumir determinados alimentos como as pessoas que têm doença celíaca e não podem consumir alimentos com glúten, ou os diabéticos com o açúcar. Sophie critica a generalização das regras para se alimentar e explica que as retrições são aplicadas apenas à pessoas que não podem ingerir determinado alimento por questões específicas como as citadas acima.
Ela deixa bem claro que não existem alimentos que por si fazem engordar, mas a forma como nos relacionamos com ele. É uma defensora dos alimentos naturais ou seja quando menos industrializado melhor, esse é o segredo para emagrecer sem dieta. Na entrevista ela dá o exemplo do yogurte de morango e sugere substituir pelo yogurte natural e misturar com a própria fruta, eu dou outro exemplo, ao invés de fazer um bolo de laranja com aquelas misturas prontas, usar farinha, açúcar, ovos e a fruta. Veja que nos dois exemplos existem produtos que passam pelo processo industrial, mas são mais naturais do que aqueles 100% prontos.
Além de tudo o que se relaciona aos alimentos em si, ao ser questinada pelo reporter sobre como emagrecer ela é taxativa quanto ao pré-requisto: é preciso ter excesso de peso e nem todo mundo tem! Simples assim! É a ditadura da magreza que falei no início do texto.
Dicas de como emagrecer sem dieta
- Pergunte-se se você precisa emagrecer. Está realmete gordo? Quanto? Tem certeza????
- Tente entender a causa que levou você a engordar e busque tratamento para ela. Pode ser com psicólogo, com médico, com nutricionista, com mais de um profissional.
- Coma mais alimentos naturais. Diminua os industrializados. (esse é o ponto principal para emagrecer sem dieta)
- Preste atenção aos sinais do seu corpo, se está com fome, coma. Se está satisfeito, não coma, deixe no prato – isso é desperdício, há pessoas no mundo sem ter o que comer, eu sei, mas você não precisa comer por elas, dá próxima vez faça um prato com menos comida!
- Coma mais devagar, dê tempo ao seu corpo para administrar as sensações de fome/saciedade.
- Não retire alimentos de uma vez, se você é viciado em bolacha recheada por exemplo, não deixe de comer. Substitua aos poucos, assim seu corpo não sente.
- Movimente-se mais.
- Coma com prazer, sem culpa! Stress engorda!