Comemoramos hoje 16 anos de regulamentação da profissão de Profissional de Educação Física (PEF), mas comemorar o quê? A ideia da regulamentação profissional nasceu na década de 1950, tomou corpo e força na década de 1980 quando teve um projeto de lei vetado por José Sarney, então Presidente da República, jogando um balde de água fria em todos aqueles que se mobilizaram. Entre idas e vindas nas discussões sobre o assunto, em 1994, grupos de estudantes de educação física, preocupados com o crescente número de pessoas, sem formação, atuando no mercado, começam a buscar novamente o caminho para a regulamentação que ainda levou mais quatro anos para se concretizar (leia a história completa da regulamentação aqui).
É nesse ponto da história, em 1º de setembro de 1998, que conquistamos o direito de exercer a profissão para a qual nos preparamos nos anos de graduação. Ainda hoje, há quem reclame da regulamentação, quem diga que não foi legítima, quem afirme ser desnecessária. O fato é que o mercado para o PEF cresceu muito nesses 16 anos e a regulamentação profissional nos proteje da concorrência não apenas com aqueles que não têm formação, mas também daqueles que, graduados em outras áreas, enxergam a Educação Física como um excelente nicho de mercado a ser explorado.
Junto com nossos direitos vieram também os deveres, lembrando que a função primária dos conselhos profissionais é defenfender a sociedade dos falsos e dos maus profissionais. Se você ainda têm dúvidas sobre os seus deveres sugiro a leitura do material disponibilizado pelo CONFEF, pois ninguém pode alegar o desconhecimento da lei.
PEF comemorar o quê?
As redes sociais estão cheias de mensagens bonitas de comemoração e agradecimento pelo Dia do Profissional de Educação Física. Isso é muito legal, quem não gosta de ser lembrado, de ser reconhecido como bom profissional? E nós o que temos para comemorar? A profissão já está regulamentada faz tempo, temos um orgão que pagamos para cuidar disso (se cuidam bem ou mal é uma outra questão!), mas será que estamos exercendo tão bem quanto deveríamos?
Escolhemos uma profissão que é gratificante, mas que ainda sofre um preconceito social enorme. Se nunca teve um aluno que tenha perguntado quando que você trabalha, aguarde, pois ainda terá! Embora exista um esforço dos CREFs em campanhas de conscientização cabe a nós melhorarmos essa imagem. É a nossa postura profissional que irá melhorar a imagem, as condições de trabalho, a quantidade de clientes e o salário.
Passou da hora de parar de reclamar que você paga o CREF e “eles” não fazem nada, você colocou “eles” lá, faça alguma coisa para mudar. Já pensou em se candidatar? Passou da hora de parar de reclamar que o salário é baixo. Não se submeta a trabalhar por salários e/ou condições ruins. Já pensou que o local onde trabalha foi uma decisão sua?
Invista mais na sua formação, pare de se guiar pelo senso comum e pelos modismos. Como diz um amigo: tem muito animador e pouco Profissional de Educação Física por aí. Estude! E nem me venha com a desculpa que não tem tempo, nem dinheiro, quem conhece a minha história sabe bem do que estou falando.
Ao invés de apontar problemas que tal buscar soluções? Temos inúmeras experiências bem sucedidas na área, que ao menos elas sirvam de inspiração para dar o primeiro passo. Se cada um se empenhar nesse sentido teremos muito a comemorar, caso contrário continuaremos sendo alvo de questionamentos e dúvidas de uma sociedade que não valoriza o nosso serviço simplesmente por não conseguir diferenciar o que nós fazemos da mera reprodução de uma receita, de algo que basta ter um manual de instruções para seguir.