A hostilidade da academia na visão de uma pessoa sedentária é o que nos mostra o texto, do Repórter Willian Vieira de Carta Capital, intitulado: Um passeio pelo maior evento de fitness da América Latina. Ele visitou a 15ª IHRSA – Fitness Brasil que aconteceu no final de agosto (28 a 30) e seu sentimento pelo que viu é descrito em uma única expressão: “para um sedentário a IHRSA é a visão do inferno”. Pior que é a pura verdade…
O que o repórter relata da sua excursão pelo mundo fitness só reflete o quanto o ambiente da academia é hostil para o sedentário. Há quem acredite que ele pegou pesado, exagerou, foi ofensivo, mas o que eu enxergo no seu relato é exatamente como uma pessoa sedentária se sente quando entra na academia. Nesse ponto seu relato foi um tapa na cara de quem acredita nesse modelo convencional.
Academia é ambiente hostil para sedentário
O que me chamou mais atenção e me fez refletir ainda mais sobre o assunto é que a feira caminha na direção oposta do que os palestrantes de gestão dizem. Um não conversa com o outro. O discurso que se ouve em cursos e palestras na área de gestão, independente do tema abordado, é que o segredo do sucesso das academia está em buscar um nicho que atinja o grande contingente que está fora das academias, que são absoluta maioria.
Embora o Brasil seja o segundo maior mercado de fitness do mundo, em número de estabelecimentos, perdendo para os Estados Unidos por apenas 1383 empresas, segundo dados da Associação Brasileira de Academias (ACAD) e da International Health, Racquet and Sportsclub Association (IHRSA), atende a penas 3,8% da população, contra 14% nos EUA.
Especialistas no mercado de fitness afirmam que esses 3,8% que frequentam academias se identificam com um modelo convencional, como o descrito pelo repórter de Carta Capital. Geralmente são jovens, saudáveis, que tem o corpo em forma e procuram a academia para aumentar ainda mais os músculos, participar do agito, desfilar roupas coloridas etc. Pessoas adeptas da malhação. Os outros 96,2%, que estão de fora, seriam formados dentre outros grupos por mulheres de meia idade que não gostam de se expor, obesos, idosos, pessoas com problemas de saúde, gestantes e sendentários de todas as idades. E essas pessoas se sentem extremamente mal em um ambiente que, definitivamente, não foi planejado para recebê-las, a academia passa a ser um ambiente hostil para elas.
A pergunta que fica é, se os especilistas afirmam categoricamente que o empresário fitness deve investir em estratégias para conqusitar os 96,2% da população que ainda não frequenta academia, como ele deve se sentir ao sair da palestra e se deparar com uma feira que grita em alto e bom tom, justamente o inverso? Como ele vai agir? Que decisões irá tomar?
Enquanto para repórter sedentário, passear pela feira da IHRSA, foi a visão do inferno, para um aficcionado pelo fitness é como passar pelo portão do paraíso, o que do ponto de vista empresarial, pode ser um tiro no pé. Para aqueles que investem ou pretendem investir nesse mercado e ainda não entedenram o que acontece, o faturamento das academias não acompanha o crescimento em número de unidades. Investir em academia hoje, pode ser um bom negócio, mas exige planejamento e muito foco (leia aqui a matéria publicada no Estadão PME sobre o assunto), é bom ouvir e acreditar no que os especialistas em mercado afirmam e ser cauteloso na hora de investir, caso contrário, em pouco tempo, quem vai acreditar que está no inferno, será você.