Flatline é uma aula de HIIT, lançada recentemente pela rede de academias Gymbox de Londres que promete acabar com você. E não é força de expressão… Criada pelo instrutor Firas Iskandarani, a aula leva o aluno à exaustão.
A aula de Flatline promete ser mais intensa do que as aulas de Crossfit, por exemplo. Foi concebida para ser a aula mais intensa do mundo, quase não existe descanso entre as séries e o corpo é levado ao limite. Durante toda aula existe um paramédico e cardiologista de plantão, e cada aluno tem um kit de primeiros socorros que contém até máscaras de oxigênio.
Por que o Flatline vai acabar com você
A resposta é simples, porque a aula pode levar seu praticante a óbito. Se isso ainda não ficou claro pela presença do paramédico e do cardiologista na sala, atente para o fato de que os participantes precisam assinar um termo de isenção de responsabilidade da academia e doação de orgãos, caso haja alguma fatalidade.
Como é a aula de Flatline
Trata-se de um circuito com 45 minutos de duração, com sete estações, cada estação dura 45 segundos, com pausa de 15 segundos entre elas. Há uma pausa de 60 segundos antes de reiniciar o circuito novamente, repete-se de 4 a 5 vezes por aula.
Embora não apareça no vídeo oficial, na versão mais pesada, os participantes usam o colete de 12 kg como sobrepeso (lastro). Os exercícios incluem, subir por uma corda, burpess com saltos na caixa, levantamento de bola atlas de 45 kg, kettlebell squat thrust, fan bike, dentre outros exercícios.
Os alunos usam monitor cardíaco e os resultados são mostrados em um telão para serem acompanhado por todos, inclusive pelo instrutor, o que possibilita saber quem está se esforçando e quem está fazendo corpo mole.
Em declaração David Cooper, diretor da Gymbox, disse: “Flatline vem com uma advertência significativa: não pense nessa classe se você não tem certeza absoluta sobre a capacidade do seu corpo para ser levado para o seu máximo absoluto dos limites físicos, e provavelmente muito além. Um monte de membros Gymbox nos disse que o seu sonho é ter um corpo para morrer. Com Flatline isso está muito mais perto do que algumas pessoas pensam.”
Minha opinião sobre Flatline
Insano, desnecessário, um absurdo completo. Há formas mais rápidas e menos cansativas de cometer suicídio, sem contar que morrer pode ser bom, perto da possibilidade de ficar vivo, mas com sequelas devido a uma parada cardio respiratória.
Não vai demorar para que aulas inspiradas na Flatline sejam criadas no Brasil, com adaptações tupiniquins, é claro, pois manter paramédicos, cardiologistas e todo o aparato que a Gymbox oferece, custa um bocado de dinheiro. Inclusive, tenho a impressão de que aulas nesse nível de intensidade já sejam feitas por aqui, dado ao aumento nas perguntas que recebo sobre passar mal durante a aula.
Qual é o objetivo de uma aula de Flatline? Levar o aluno à exaustão? Então refaço a pergunta: qual é o objetivo? Melhorar a resistência? Mas correndo todos esses riscos? Refaço a pergunta: qual é o objetivo?
É muito comum, principalmente em aulas coletivas, que o professor se sinta pressionado pelos alunos a oferecer uma aula cansativa. Aula boa tem que doer e cansar, é como muita gente pensa. Mito, bobagem, aula pautada na dor e no cansaço denota falta de conhecimento técnico e científico do profissional. Essa é uma ideia arcaica, oriunda da época em que a Educação Física era pautada no treinamento militar, aliás única justificativa para se chegar a extremos e mesmo assim tenho ressalvas.
Dessa época pra cá muita coisa mudou, a Educação Física evoluiu, técnica e cientificamente e é inconcebível que ainda existam profissionais que apenas reproduzem o vêem, que não pensam, não tem senso crítico. E logo teremos alguém, guiado pelo marketing “aula mais difícil do mundo” que não irá questionar como uma pessoa que pesa 100kg vai usar os mesmos 12kg de lastro, que uma pessoa que pesa 60kg (para a primeira corresponde a 12% do peso corporal, para a segunda 20%). E muito menos qual o objetivo em usar o lastro e simplesmente, vai reproduzir a Flatline, como se fosse um modelo a seguir.
Aprenda a diferenciar os bons profissionais dos medíocres. Se seu professor consegue te passar um treino ou ministrar uma aula que atinja os seus objetivos (emagrecer, diminuir a flacidez, participar de uma maratona, seja ele qual for) e que você consiga manter uma boa qualidade de vida, sem passar mal durante o treino, sem lesões, sem adoecer com baixa imunidade, sem ficar incapacitado pela dor, ele é um bom professor. E você está no caminho certo.
Não sou contra os exercícios realizados na aula de Flatline, na verdade eles são os mesmos usados em outras aulas de HIIT e pelo Crossfit, e como sempre digo não existe exercício proibido, mas pessoas que não podem fazer determinados exercícios, de qualquer forma cuidado ao aderir aos modismos. Lembre-se que o exercício deve acima de tudo promover o bem estar e dar prazer a quem pratica, quando esse prazer só acontece por meio da dor, da sensação de morte iminente, certamente algo está muito errado, você não precisa de uma academia, precisa de um psiquiatra.
PS: E meu marido ainda me pergunta se não é pegadinha, se existe site oficial, se não coisa do Sensacionalista. Não, Infelizmente não…
Crédito das Fotos: Matt Alexander/PA Wire