Fazer exercícios traz inúmeros benefícios para a saúde, isso todo mundo sabe. A cada ano, novos estudos aparecem mostrando as vantagens de quem é fisicamente ativo na prevenção e no tratamento de inúmeras doenças e questões de saúde e a infertilidade é uma delas.
A opção por ter filhos esbarra em inúmeras questões e uma vez que a decisão é tomada, pode ser frustrante a descoberta de problemas relacionados à fertilidade.
Uma estimativa divulgada em maio de 2023 pela OMS (Organização Mundial da Saúde) revelou que uma em cada seis pessoas, no mundo, sofre com questões de infertilidade. Alta prevalência global de infertilidade pode ter relação com as mulheres que tem postergado a gestação e também com hábitos de vida ruins como sedentarismo e má alimentação. O relatório também fala sobre os altos custos e pouca disponibilidade da reprodução assistida, como fertilização in vitro (FIV).
Uma recomendação que deixo aqui para as mulheres que se encaixam nesse perfil, de maternidade tardia, e que têm dúvidas sobre os assuntos que permeiam, desde a decisão de engravidar, como funciona e qual o custo da reprodução assistida, até o exercício da maternidade em si, é o livro: Desculpa, Atrasei! Um guia honesto sobre maternidade tardia da Stella Wilderom (toque aqui para comprar).
Exercício físico e fertilidade
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Sabe-se que o risco de infertilidade é duas vezes maior em pessoas com obesidade, homens e mulheres. Por exemplo, existem evidências que a obesidade em mulheres pode afetar a ovulação, pode também diminuir a taxa de nascidos vivos após FIV – fertilização in vitro – (a série de TV, This IS US, mostra esse drama vivido pela personagem Kate), aumenta a taxas de aborto e o risco de problemas durante a gravidez. E nos homens há a piora nos parâmetros de produção de sêmen.
A prática de exercícios físico pode ajudar a combater a obesidade e quando associados à outras mudanças de hábito como os alimentares, ingestão de água e horas de sono, tem o efeito mais rápido e com maiores chances de manutenção do peso.
Um estudo realizado com mais de 17 mil mulheres¹, sem histórico de infertilidade, foi acompanhado por vários anos para avaliar o tempo até a gravidez. Os pesquisadores observaram que mulheres que tinham cinco ou mais fatores que indicavam um estilo de vida saudável, como comer refeições balanceadas e fazer pelo menos 30 minutos de exercícios por dia, tiveram risco 69% menor de infertilidade por distúrbio ovulatório. Esse estudo sugere que a infertilidade ovulatória pode ser prevenida por meio de escolhas nutricionais e de exercícios.
Embora ainda não exista um protocolo de exercícios para mulheres que estão tentando engravidar, uma pesquisa publicada em 2012² usando uma base de dados com 3.628 mulheres com idade entre 18-40 anos, concluiu que o exercício vigoroso pode ter impacto negativo na fertilidade, com exceção das mulheres com sobrepeso e obesas e que o exercício moderado está associado à um pequeno aumento da fertilidade, independente do IMC.
Além dos benefícios relacionados à fertilidade uma mulher que é fisicamente ativa, quando engravida, passa pela gestação com mais conforto e com menores chances de desenvolver problemas. Leia mais sobre o assunto aqui.
Cuidados com exercícios físicos para quem faz fertilização in vitro
É comum que pacientes que passam pelo FIV sejam informados para fazerem pouco ou nenhum exercício. Isso não tem relação com o impacto dos exercícios na fertilização in vitro. Um estudo realizado com 273 mulheres que fizeram FIV³, observou que fazer exercícios moderados a vigorosos não teve impacto na implantação, gravidez clínica ou taxa de nascidos vivos.
O principal problema com o exercício durante a fertilização in vitro tem relação com o fator de risco associado à FIV de torção ovariana (quando o ovário torce em torno de sua haste), que corta o suprimento de sangue para os ovários, tornando-se uma emergência cirúrgica.
Embora o rico de torção ovariana por FIV seja pequeno (menos de 1%), muitos médicos aconselham as pacientes a evitar exercícios vigorosos ou de impacto, que podem aumentar o risco de torção. Dentre os exercícios a serem evitados estão a corrida, posições invertidas (como na Yoga) e atividades de alto impacto, como saltos.
A recomendação é que você converse com seu médico sobre esses riscos e o custo benefício de se exercitar ao realizar FIV, e seguir as suas orientações. Se o exercício físico for liberado, que seja orientado por um Profissional de Educação Física que deve manter contato com seu médico.
Referências
1- Chavarro, Jorge E, Rich-Edwards, Janet W., Rosner, Bernard A., Willett, Walter C. Diet and Lifestyle in the Prevention of Ovulatory Disorder Infertility. Obstetrics & Gynecology 110(5):p 1050-1058, November 2007
2- Wise LA, Rothman KJ, Mikkelsen EM, et al. A prospective cohort study of physical activity and time to pregnancy. Fertil Steril 2012;97:1136-1142.e1-4.
3- Gaskins AJ, Williams PL, Keller MG, Souter I, Hauser R, Chavarro JE (2016) Maternal physical and sedentary activities in relation to reproductive outcomes following IVF. Reprod Biomed Online 33(4):513–521